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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Domingos Dutra revelou quais os desafios que enfrentará para levar desenvolvimento para a terceira maior cidade da Grande São Luís


Com uma longa trajetória política no estado e amparado por uma vitória que superou mais de 20 anos de domínio do grupo Aroso em Paço do Lumiar, o prefeito eleito Domingos Dutra (PCdoB) terá, a partir de 2017, um cenário de enormes desafios e dificuldades a serem enfrentados na terceira maior cidade da Grande São Luís.

Domingos Francisco Dutra Filho, nascido na comunidade quilombola de Saco das Almas, no interior do Maranhão, traçou um longo caminho até a eleição, neste ano, a prefeito de Paço do Lumiar.

Membro fundador do PT, na década de 1980, foi membro do partido Solidariedade entre 2013 e 2015, e atualmente é filiado ao Partido Comunista do Brasil, (PCdoB). Em 1990, elegeu-se deputado estadual e, em 1994, deputado federal. Foi vice-prefeito de São Luís na gestão Jackson Lago, elegeu-se novamente deputado estadual em 2002 e em 2006, para deputado federal, reeleito em 2010.

Em uma entrevista exclusiva concedida a O Imparcial, o político fala sobre sua relação com a cidade de Paço do Lumiar, o cenário político estadual, as relações com o governador Flávio Dino, a busca por investimentos na cidade, entre outros temas.

O Imparcial: A sua vitória quebrou a hegemonia de um grupo político que há décadas dominava a política em Paço. Qual o segredo da vitória?

Domingos Dutra: Nossa campanha não foi muito diferente de todas que fiz até hoje. As 15 campanhas que participei, desde 1982 até hoje, foram campanhas populares, onde os únicos recursos que utilizei foram língua, canela e beleza. Caminhei bastante! Nessa eleição foram 445 quilômetros, ou duas voltas completas em torno do município, em uma campanha propositiva que visava esclarecer a população sobre a minha história e como venho contribuindo há bastante tempo para tirar Paço do Lumiar da escuridão.

Fizemos uma campanha civilizada, com contato direto com a população, e apresentando propostas não fantasiosas, simples e que podem ser cumpridas. Acredito que este tenha sido nosso grande segredo. Mesmo em tempos de crise política, a população entendeu que não vamos vender a prefeitura ou negociar cargos, nem mesmo com aqueles que nos apoiaram. Nossos apoios são baseados em princípios e na limpeza e honestidade.

O senhor esteve ligado durante bastante tempo eleitoralmente a São Luís, como se deu a decisão de mudar de reduto eleitoral para Paço do lumiar?

Quando o Maiobão foi fundado, em 1982, eu fui morar ali. Sou morador de Paço há 34 anos. Todas as conquistas sociais do município tiveram a minha participação, como a lei de meia passagem para todos os municípios do Maranhão, a duplicação da estrada de acesso ao Paço do Lumiar, e os investimentos na cidade, são exemplos de ações que tiveram minha participação.

Como está o processo de transição da gestão municipal?

O prefeito Josemar e seu vice tem se mostrado totalmente disponíveis a fornecer todas as informações necessárias. Fora isso, estou levantando todas as informações possíveis e me reunindo com vereadores eleitos e reeleitos, no sentido de criar um ambiente de unidade para que possamos superar com rapidez os muitos problemas, diante de um cenário de crise. Já fui a Brasília levantar apoios junto à bancada federal no sentido de angariar recursos, principalmente na área da infraestrutura, nosso maior e mais urgente problema.

É um cenário com grandes e longevas dificuldades...

Quando da fundação do Maiobão, como cidade dormitório, Paço tinha 17 mil habitantes e uma economia rural. Hoje temos 130 mil, em 24 conjuntos habitacionais. Esse crescimento sem planejamento e sem contrapartidas do estado, gerou este cenário de caos, aliado, obviamente, a gestores despreocupados e ineficientes. Quando o Maiobão foi entregue, ele estava pavimentado, com feira estruturada e centro comercial e centro de negócios. Hoje 90% das ruas está destruído, a feira não funciona, o centro comercial está no meio do mato. Então hoje as finanças municipais não suportam esta situação.

E como o senhor pretende modificar esta lógica

Quando chegarmos ao governo teremos o desafio da estrutura física que está degradada, problemas com o meio ambiente e a poluição, a limpeza pública caótica, a ausência de hospitais... Temos que trabalhar tudo isso levando em consideração as deficiências de recursos e compatibilizar com as necessidades, que são muitas. Tudo em Paço do Lumiar é urgente, pois há uma defasagem de 34 anos de carência e desatenção ao município por conta de inúmeros motivos, como três prefeitos presos, dois afastados do cargo, e uma realidade de crescimento desordenado da cidade.

Hoje temos que limpar o município, sinalizar, ajudar a segurança criando guarda municipal, criar um hospital, pois hoje não existe saúde municipal na cidade. Quando do governo de Roseana, o senhor Ricardo Murad confundiu saúde com engenharia civil e priorizou leitos para suas regiões de interesse, derrubando a única estrutura do nosso município que era a unidade mista.

Já tivemos reunidos com o governador, pois precisamos do apoio do estado para ajudar nisso. Em 2017, tudo que vamos fazer é para atender estas emergências.

Tais ações não esbarram na limitação causada pelo baixo orçamento do município?

Vivemos um conflito na democracia: A população quer bons serviços, mas os serviços são custeados pela população. Ou a economia funciona circulando dinheiro ou não funciona de vez. Nós vamos buscar formas para angariar recursos para fornecer o mínimo a população. Eu não posso agora pensar em aumento de impostos, pois primeiro preciso trabalhar e manter a expectativa do povo e muito diálogo. Há uma defasagem na arrecadação do município sim, algo que preciso ser contornado, mas com bastante clareza à população.

Se formos mudar algo na gestão tributária, será diminuir alíquotas para aumentar a base de arrecadação, pois o povo de Paço do Lumiar é carente e há capacidade para aumento de tributos de modo algum.

Eu faço um apelo a todos os donos de carros e motos que morem na região de Paço do Lumiar para que transfiram suas placas para o município, e que seus novos veículos sejam emplacados no município. Ações simples, como essa, que não geram nenhum ônus a mais, faz aumentar os recursos do IPVA, por exemplo, que dará a prefeitura capacidade de aumentar seus investimentos e a qualidade de vida da população.

Outro grande problema da cidade diz respeito ao fornecimento de água e saneamento básico. Como modificar esta realidade?

Vamos nos reunir, eu e o prefeito eleito Luís Fernando, para debater se vamos manter o consórcio de privatização do saneamento, feito por Paço do Lumiar e São José de Ribamar. Tenho clareza que a Odebrecht Ambiental, com as tarifas atualmente cobradas, não é sustentável ao município e sua população, pois está cobrando mais caro que o fornecimento de água a São Luís, por exemplo. A população não tem condições de pagar e, por conta da concessão, estamos impedidos de entrar em parceria com o governo do estado, que tem excelentes projetos para o fornecimento de água.

Vamos tentar chegar a um acordo para que a tarifa esteja ao menos no mesmo patamar de São Luís. Caso a empresa não tenha interesse, vamos buscar alternativas de realizar um rompimento amigável do contrato, para que possamos seguir de modo que a população possa pagar pelos serviços e que, neste caso, possamos buscar o apoio dos projetos de água do governo do estado.

O senhor é do partido do governador Flávio Dino e aliado político do atual prefeito de São Luís, qual o seu posicionamento sobre o segundo turno na capital?

Eu sou do PCdoB, um membro disciplinado, e nosso partido está alinhado com Edivaldo. Gostaria muito que ele se reelegesse, o ambiente é de continuidade. Claro que Flávio Dino trata todos de modo republicano, mas acho importante a reeleição de Edivaldo para manter este ambiente de unidade favorável. Além disso, Edivaldo já está ciente dos desafios a serem enfrentados e já realizou inúmeras parcerias com o governo do estado, por isso apoio Edivaldo.

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Diniz