O deputado Federal Gastão Vieira (PMDB) foi nesta segunda-feira (10) ao Plenário da Câmara Federal para um pronunciamento histórico. O parlamentar fez o discurso de despedida depois de 20 anos como Deputado Federal, “esta pode ser a última oportunidade para eu dispor do Grande Expediente para dizer adeus a esta casa. Durante vinte anos exerci aqui, sucessivamente, mandatos sempre com votações crescentes dadas pelo povo do meu estado”, disse.
Durante o discurso, Vieira falou sobre o resultado das urnas nas últimas eleições. “Na última eleição, por contingências naturais da política, eu fui disputar o Senado. Perdi a eleição por uma quantidade de votos pequena, mas ganhei uma votação que me permitiu no outro dia dizer que, perdi ganhando. Tive 1 milhão e 284 mil votos, uma votação extraordinária para um político que, do meu jeito, não tem muitas vezes os meios e as condições para explorar bem uma eleição majoritária”.
O Deputado também relembrou quando chegou à Câmara Federal pela primeira vez, “eu lembro-me que, há 20 anos quando aqui cheguei, a primeira emoção que senti foi ter vindo de líder estudantil e entrar no plenário desta casa e, junto com 503 companheiros, cantar o Hino Nacional”, disse. Gastão Vieira lembrou ainda de quando foi convidado para assumir a Secretaria de Educação do Maranhão. “Dois meses depois de assumir o mandato de Deputado Federal, houve uma reunião no meu estado e a governadora, recentemente eleita, Roseana Sarney me convocou para ser Secretário de Educação. Eu já tinha aprendido com os mineiros Cláudio Boracato, João Batista e Antônio Octávio Cintra, que fazer educação num estado pobre é um desafio tremendo e uma experiência inesquecível. Eu abandonei o meu mandato temporariamente e voltei para o Maranhão. E devo dizer a todos vocês aqui, foi a mais rica experiência que tive na minha vida pública. A experiência de poder levar educação para quem não tinha, de construir uma escola decente no lugar onde havia um barracão de taipa e distribuir material didático para quem não tinha nas mãos nem giz e nem carteira para sentar, foi uma grande lição”, afirmou.
Gastão Vieira falou ainda que depois de voltar ao Congresso, participou ativamente da luta pela melhoria da educação em todo o país. “Depois que saí da Secretária de Educação do meu estado, reassumi o meu mandato. Cheguei a esta casa e comecei a fazer uma indagação de por que a educação brasileira não avançava? Uma educação que vinha num caminho tão bom, iniciado pelo presidente Fernando Henrique, quando Paulo Renato era ministro da Educação que cria o Fundef. Eu ajudei o Bargas Negri a criar aquela engenharia financeira que deu um salário aos professores brasileiros. Daí vem todo esse avanço na educação do governo Lula, primeiro com Cristóvão Buarque. A qualidade da educação brasileira exigia de todos nós uma compreensão que fosse maior do que aquilo que se falava corriqueiramente, o país é muito grande, tem muito aluno fora da sala de aula, tem muita criança que é filha de pai analfabeto, não consegue aprender. Eu estava determinado a ter uma resposta para essas questões. Com um grupo pequeno, mas muito ativo, eu me lembro de que nós realizamos aqui o primeiro seminário internacional. A ideia era descobrir o que os outros países fazem que o Brasil possa copiar, respeitosamente, que o Brasil possa seguir o mesmo modelo. E durante dois dias nós realizamos o seminário sobre “Alfabetização Infantil: os novos caminhos da educação brasileira”. O seminário se transformou em livro que foi amplamente distribuído em todo o país. E eu bati na porta do Cristóvão, depois do Tarso Genro, do Fernando Haddad, do Henrique Paim e até hoje, tenho absoluta certeza de que, esta casa se inseriu através da Comissão de Educação, não porque eu era ocasionalmente seu presidente, mas pela qualidade do debate que surgiu, da busca da solução dos problemas mais angustiantes da educação brasileira”, disse.
“Despedir dessa casa é difícil, sinto falta e sentirei da convivência dos companheiros. Sentirei falta da Comissão de Educação onde deixei dois projetos, um que estabelece o currículo mínimo para o estudante brasileiro. Saio com o sentimento que o nosso currículo é grande demais, que a gente faz um ENEM que o aluno leva quatro horas para responder uma prova, que depois nem consegue captar o que ele sabe e nem consegue prepará-lo para a vida. Deixo também o projeto de certificação para os professores, a partir da data de aprovação do projeto, o professor terá que obter uma certificação de tempos em tempos, que ateste que ele está apto para continuar a ensinar”.
Gastão Vieira disse sair da Câmara Federal com a certeza do dever cumprido, “eu cumpri o meu dever parlamentar independentemente das minhas ligações políticas, eu nunca permito enganar o meu eleitor ele é quem manda na minha vida politica. É ele quem me abraça e diz, siga em frente, o senhor deu apenas uma parada, tem coisa melhor a lhe esperar ali em frente. Quero agradecer a todos, à presidenta Dilma que confiou em mim e a todos que me permitiram fazer um bom trabalho aqui na Câmara Federal e no Ministério do Turismo”, finalizou.
Depois do discurso, Gastão Vieira foi saudado pelos Deputados Mauro Benevides (PMDB/CE) e Bonifácio de Andrada (PSDB/MG). O primeiro a falar foi Mauro Benevides, que lembrou da atuação de Vieira na vida pública. “Quer como deputado, como ministro de Estado, como Secretário de Educação de Estado, como quase senador pelo Maranhão, diante de uma votação brilhante conquistado no pleito passado, Vossa Excelência, como homem público goza do respeito, não só do povo maranhense, mas de todo o Brasil. Por isso enalteço e digo como homem público Vossa Excelência cumpriu o seu dever e soube fazê-lo com a maior dignidade. E daí a não chegar ao Senado, como queria grande parte dos maranhenses, Vossa Excelência aqui nessa casa, quando esteve conosco, ou no Ministério do Turismo, exercido brilhantemente, Vossa Excelência projetou uma imagem de dignidade, de civismo ao povo do Maranhão e do Brasil”, finalizou Benevides.
Para o Deputado Bonifácio de Andrada, Gastão Vieira é um exemplo de homem público. ”Quero levar a Vossa Excelência as minhas palavras de homenagem por ser um homem público que honra de fato não só o seu estado, mas como todo o seu país. Não só pelas atividades que teve nessa casa, das quais fui testemunha, como também pela sua presença em outras áreas significativas da vida nacional. Vossa Excelência pode estar certa de que é um dos homens públicos mais completos desse país, pela sua inteligência, pela sua cultura, pela sua firmeza de atuação, pela sua capacidade de articulação política. Indiscutivelmente uma figura que merece, não só a nossa admiração, como também os nossos aplausos”, finalizou.
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Diniz