Após o sucesso de vendas do Bazar Eletro Solidário, realizado na manhã desta terça-feira (27), na Assembleia Legislativa, o Grupo de Esposas de Deputados foi à Fundação Antônio Brunno, na tarde desta quarta-feira (28), entregar carnes e frangos adquiridos com o dinheiro arrecadado, além de uma televisão, lençóis, materias de higiene e de limpeza doados voluntariamente pelos próprios servidores Casa.
“Descobrimos nessa fundação um trabalho brilhante para pessoas com câncer sem condições de se manter na capital durante o tratamento. E nesse mês de outubro não poderíamos escolher instituição melhor que essa pra ajudar. Eles estão felizes, mas nós estamos muito mais”, contou a presidente do grupo, dra. Cleide Coutinho.
REALIZAÇÃO DE UM SONHO
Também por intermédio do Gedema, além da presidente, da vice-presidente Sandra Lima e das esposas Vânia Jalyla (deputado Edivaldo Holanda), Guaraci Furtado (deputado Fernando Furtado), Abigail Cunha (deputado Rigo Teles) e Mayra Campos (deputado Cabo Campos), foram à visita da fundação a primeira-dama de São Luís, Camila Vasconcelos, a representante do Iterma, Juliana Vasconcelos e a secretária municipal da Saúde, Helena Duailibe.
O objetivo de levá-las, segundo a presidente dra. Cleide Coutinho, é de dar uma resposta concreta sobre a doação do terreno tão sonhado pela família Antônio Brunno. Trata-se um terreno que ocupa meio quarteirão de uma rua, medindo 15x50 metros, também localizado no Planalto Anil II, bem próximo a sede atual, pertencente à Prefeitura de São Luís e ao Governo do Estado.
O local, que antes era abandonado e abrigava usuários de drogas, hoje recebe pacientes com câncer vindos do interior. Mas, para que seja reformado e tenha capacidade para 250 leitos para adultos e 56 para crianças como planeja Antônio Sousa, é necessária a legalização do terreno.
É um sonho que está próximo de ser concretizado, graças a intermediação do Gedema.
Juliana Linhares, representando o presidente do Interma, Mauro Jorge, garantiu que a instituição está buscando a parte legal para dar a regularização da doação o mais breve possível. “O Iterma prontamente, por meio de sua diretoria de recursos fundiários, enviou uma equipe para fazer a vistoria do local e realmente verificamos que está abandonado e agora estamos buscando a parte legal para dar a regularização da doação. Daremos o andamento aos tramites legais para que a fundação possa construir de forma legal. É um processo que não é rápido, mas nós estamos fazendo de tudo para tornar o mais célere possível”, explicou.
Camila Vasconcelos, em nome da Prefeitura de São Luís, por sua vez, esclareceu que Ministério Público não permite que a prefeitura faça doação a qualquer tipo de entidade. Mas, ainda assim, garantiu que o processo do terreno será priorizado, ainda que seja através de parceria com a Secretaria de Saúde, já que trata-se de um trabalho social e que já está encaminhado.
“É a primeira vez que eu venho à Fundação Antônio Brunno. É um trabalho louvável que o seu Antônio constrói pra esses pacientes que vêm do interior vítima do câncer. Essa visita foi muito importante e a gente vai tentar viabilizar a doação desse terreno e vamos tentar fazer uma parceria pra juntos dar mais estrutura pra esse trabalho muito digno que eles fazem aqui”, afirmou a primeira-dama.
“Três anos lutando por esse terreno e pela primeira vez estou vendo a possibilidade de construir palpável. Nunca estive tão próximo de ter esse terreno. O Gedema, na verdade, foi um divisor de águas. Quando elas vieram aqui eu achava que era só mais uma que iria ajudar, mas eu me surpreendi por ser um órgão de credibilidade, de muita força. Pelo que eu vi hoje me deixou muito animado”, comemorou Antônio Sousa.
BREVE HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO
"Dedicar-se aos pobres, é dedicar-se a Cristo, dia e noite". “Devemos crescer sempre, mas com regularidade e pé no chão. O maior crescimento deve ser no amor e no acolhimento”. “Nossa missão maior é confiar sempre”. Essas são algumas das dezenas de frases de amor espalhadas por toda a fundação que foram deixadas por Antônio Brunno Pessoa Sousa enquanto, ainda novo, aos 20 anos, vestido de palhaço levava alegria às crianças com câncer. A inspiração vinha do grupo de São Paulo Doutores da Alegria.
Por uma ironia do destino, aos 22 anos, após apresentar uma tosse estranha, Brunno descobriu câncer no mediastino – entre o coração e o pulmão. A luta contra a doença durou apenas 8 meses. Tempo suficiente para Brunno planejar um projeto em prol de pessoas com câncer vindas do interior que não tinham condições financeiras ou parentes próximos.
“Ele nunca se abateu. Mesmo doente, conseguia pensar no bem dos outros”, disse sua mãe Fátima emocionada.
Nesse projeto, havia cinco subprojetos, entre eles, o Donnos da Alegria. Esse é o trabalho que dá continuidade ao que o Brunno começou. Vestidos de palhaços, jovens voluntários levam alegria aos hospitais que recebem crianças com câncer.
Outro subprojeto é a Casa de Apoio, hoje concretizada e que cresce constantemente graças a ajuda da comunidade em geral. Luzia de Fátima e Antônio Sousa abrigavam pacientes do câncer em sua própria residência, até que ficou pequena para tanta demanda. No novo endereço, a casa é mais ampla, mas ainda é alugada.
“Do meu filho pra cá, eu só sei viver na excelência do amor. Não quero saber mais de nada. Enquanto eu tiver vida, vou atentar os desejos dele”, disse Antônio Sousa, com lágrimas nos olhos ao relembrar a história do filho.
“MELHOR DO QUE A MINHA PRÓPRIA CASA”
Gislaine Vargas, de 20 anos, veio de longe. Ela morava em Formosa da Serra Negra, a 481 km de São Luís. Está na Antônio Brunno há 4 meses, acompanhando a filha Jennifer Rafaela, de apenas 8 meses, diagnosticada com câncer no fígado.
A jovem mãe luta diariamente pela vida de Jennifer e ao mesmo tempo tenta superar a saudade de Riana Vitória, a filha mais velha, de três anos, que se viu obrigada a deixar para trás junto com o marido na cidadezinha da onde veio.
Ainda assim, Gislaine se sente feliz pela nova família que ganhou. “Aqui eu só sinto e ganho muito amor e carinho. Dona Fátima é como uma mãe pra mim. E esse lugar, esse lugar é melhor do que a minha própria casa”, contou.
Olhando pra Ana Paula, uma moça jovem, de apenas 14 anos, parece até que está grávida. Foi o que seu pai Manoel Lima também pensou há 6 meses atrás quando a barriga começou a crescer ainda no município de Vitorino Freire, onde mora. “A barriga dela começou a crescer sem parar de fevereiro pra cá. Achávamos que ela estava grávida, mas fizemos exames e não tinha filho nenhum. Viemos pra São Luís e aqui ela foi diagnosticada com câncer no fígado”, contou o pai da garota, que já está há 2 meses na Casa de Abrigo acompanhando o tratamento da filha.
Apesar da gravidade, não falta esperança para seu Manoel. “Pra quem tem fé em Deus, nada é impossível”, afirmou, contando em seguida que enquanto não está no hospital, está na Fundação, onde recebe alimentação e aconchego. “Melhor do que a minha própria casa, com certeza”, disse.
Dona Angelita Oliveira, aos 70 anos de idade, já está no fim do tratamento contra o câncer de mama. Enfrentou a etapa mais difícil, a retirada de uma delas. Um sacrifício que a livrou do tumor.
Acompanhada da nora, Angelita está prestes a voltar para Marcolândia, município do Piauí, mas garante que sempre que puder virá à São Luís visitar os amigos que fez na Casa e seus anfitriões Antônio Sousa e Luzia de Fátima.
“Eu não posso desprezar esse povo que vive aqui. Das vezes que eu voltar para revisão, todas virei aqui. Sou muito grata. Aqui é melhor do que a minha própria casa”, garantiu Angelita.
“Aqui é melhor do que a minha própria casa”. Essa foi a resposta repetida por três das 40 e poucas pessoas que residem na Fundação Antônio Brunno. Os relatos de que sobra amor durante o acolhimento é, sem dúvidas, unânime entre os pacientes.